Cardiologista defende tese na USP com base em estudo sobre estilo de vida ensinado pela Igreja Adventista do Sétimo Dia

Por Michelson Borges, Revista Adventista


Everton Padilha Gomes é um médico amazonense, de 45 anos, cuja família teve contato com a mensagem adventista por meio do missionário norte-americano Leo Halliwell, que trabalhou na lendária lancha Luzeiro I. Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Amazonas, ele defendeu no início de abril sua tese de doutorado em Cardiologia na Universidade de São Paulo (USP), tendo como base o Estudo Advento. Nesta breve entrevista, Everton, que é médico assistente da Universidade Federal de São Paulo e do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da USP, explica a importância dessa pesquisa inédita e como liderá-la mudou seu estilo de vida.

O que é o Estudo Advento?

O Estudo Advento (Análise da Dieta e Hábitos de Vida na Prevenção de Eventos Cardiovasculares em Adventistas do Sétimo Dia) é uma pesquisa que foi realizada em São Paulo e no Espírito Santo, com 1,4 mil pessoas, utilizando questionários e técnicas avançadas de detecção de problemas de saúde por meio de exames laboratoriais, como exames de microbiota intestinal, de inflamação e genética. Houve ainda vários exames de imagem, desde medidas corporais em terceira dimensão, exames cardiológicos gerais e específicos, até o escore de cálcio tomográfico.

Por que esse estudo pode ser considerado pioneiro?

Por vários motivos. Foi realizado em uma população adventista urbana, formada por diferentes classes sociais e num país em desenvolvimento. Foi também o primeiro estudo no mundo com adventistas a verificar o impacto das diferenças de estilo de vida dos pesquisados no nível de microbiota intestinal e na progressão de placa de cálcio nas artérias coronárias. E foi pioneiro em comparar uma pesquisa com um grupo adventista brasileiro a grandes estudos populacionais recentes do Ministério da Saúde, como o Vigitel e o ELSA.

A saúde do adventista está melhor que a da população em geral?

Sim. Independentemente de sua classe social, os adventistas ingerem mais frutas, verduras e legumes do que a média nacional. Eles também apresentam menores índices de obesidade, sobrepeso e hipertensão, além de maior nível de atividade física.

Entre os adventistas, quem está melhor e por quê?

O estudo foi decisivo em mostrar que pessoas que aderiram aos hábitos relacionados ao que a igreja denomina “reforma de saúde” apresentam melhores indicadores de saúde cardiovascular e geral, menor índice geral de inflamação, de incidência de diabetes e pré-diabetes, vantagens na flora bacteriana e menor grau de aterosclerose (enrijecimento das artérias).

Como o estudo impactou sua vida particularmente?

Ele me afetou profunda e permanentemente. Embora minha família seja de pioneiros da igreja no Norte do país, a aplicação dos princípios de saúde foi por muito tempo relativizada por mim. Quando passei a viver plenamente essas orientações centenárias, perdi quase 50 kg e ganhei muito em qualidade de vida. É comovente ver que temos um tesouro como igreja, tesouro que gera respeito na comunidade científica de uma das maiores universidades do mundo. Porém, temos tido vergonha de viver isso, talvez por conta de pessoas que, no passado, aplicaram e ensinaram de forma equivocada nossa mensagem de saúde. O ponto é que a sociedade precisa dessas orientações, testemunhadas com o amor e o equilíbrio próprios do evangelho de Cristo.


Entrevista publicada originalmente na edição de maio de 2019 da Revista Adventista

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