Depressão infantil não é manha, nem frescura, e pode atingir crianças e adolescentes. O diagnóstico precoce garante um futuro sem sequelas

Por Gleiciane Damasio, Portal Quero Vida e Saúde


A depressão é uma doença que não escolhe idade. Prova disso é que cada vez mais a depressão infantil tem aumentado em todo o mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 180 milhões de crianças em todo o mundo sofrem com depressão infantil. No entanto, existe grande dificuldade em diagnosticar o problema entre os pequenos, e o primeiro fator para isso é a negligência dos pais ou responsáveis.

Muitas crianças que sofrem com depressão infantil apresentam sintomas típicos de “manha” ou “frescura”, o que provoca uma má interpretação do que de fato está acontecendo. Por isso, é importante entender como a depressão infantil se manifesta.

Depressão infantil: é possível?

Apesar de sabermos que a depressão é uma doença e que pode ocorrer em qualquer fase da vida, especialistas destacam que realizar o diagnóstico em crianças e adolescentes é uma tarefa difícil. Isso porque os pequenos não conseguem identificar ou nomear os sintomas que aparecem de maneira clara.

De modo geral, as principais queixas de crianças que sofrem com depressão infantil são: dor de cabeça e dores abdominais; diarreia; falta de apetite ou apetite exagerado; dificuldades cognitivas; comportamento antissocial; insônia; irritabilidade; agressividade ou passividade exagerada; choro sem razão aparente; indisciplina; ideias ou comportamento suicidas.

Muitas vezes, os pais ou responsáveis procuram um pediatra por conta dos sintomas acima, porém, o problema não é identificado como depressão. Fora os sintomas físicos e de comportamento, questões sociais envolvendo a criança devem ser levadas em conta para um diagnóstico preciso, por exemplo, a separação dos pais; dificuldades de adaptação na escola ou em uma nova casa; novos companheiros dos genitores ou perdas podem gerar um nível de estresse tão alto que pode conduzir à depressão infantil.

Vale ressaltar que é importante distinguir a depressão patológica daquela tristeza transitória provocada por acontecimentos desagradáveis, inerentes à vida de todos, inclusive das crianças. Ou seja, quando a criança está efetivamente com depressão, a tristeza e o desanimo não dão tréguas, com isso, desaparece o interesse por todas as atividades que proporcionavam prazer e sensação de bem-estar.

Por fim, é importante conversar com o profissional de saúde, sobre o histórico psicológico da família, pois existem fatores genéticos e hereditários envolvidos nos casos de depressão.

Depressão infantil tem cura!

Seja qual for a razão do quadro depressivo, o diagnóstico precoce é o melhor caminho para tratar a patologia. A depressão, seja no adulto ou na criança, provoca uma disfunção bioquímica do cérebro. Por isso, o tratamento da doença consiste no uso de farmacoterápicos associados à psicoterapia.

Infelizmente, a falta de informação dos pais e professores quanto à depressão infantil pode contribuir para aumentar as dificuldades da criança e, assim, desencadear inúmeras sequelas emocionais no futuro. É evidente que a família e educadores não estão preparados para fazer o diagnóstico da criança. No entanto, disponibilizar um maior conhecimento acerca da depressão infantil para pais e professores, propiciará um olhar mais atento às crianças que apresentam possíveis sintomas.

Há um consenso entre especialistas de que a depressão infantil interfere em atividades fundamentais da vida e nas fases de desenvolvimento. Em razão disso, é muito importante o diagnóstico precoce, além, é claro, da efetivação de medidas visando à promoção da saúde mental.

Em resumo, o que fica para nós é o papel de identificar e contribuir no tratamento dos menores, para que as sequelas de uma depressão infantil sejam menores no futuro.

Mas como identificar a depressão nas crianças?

Antes de tudo, é importante ressaltar que a depressão infantil tem cura quando diagnosticada cedo e o tratamento iniciado o mais rápido possível. O tratamento deve ser feito com um psiquiatra pediátrico para avaliar a necessidade de intervenção com medicamentos e terapia com um profissional da psicologia.

Além disso, a família tem um papel fundamental no tratamento. É nessa hora que os pais devem se munir de uma dose extra de amor, porque o que a criança mais precisa – além do acompanhamento médico – é da presença e amor dos pais. Mais ainda, estar atento ao ambiente familiar! De nada vai adiantar a terapia se as brigas familiares não cessarem, por exemplo. Também é muito importante conversar com a criança e seus professores sobre o ambiente escolar, principalmente se a causa da depressão for desse contexto.

Como ajudar a criança em depressão

Primeiramente, planeje momentos de diálogo sobre qualquer assunto. Não fique perguntando a todo instante sobre a razão da tristeza ou chateação, mas invista num bate papo sobre diferentes assuntos, se tiver dificuldade faça um roteiro. Ouvir a criança também é essencial. Dessa forma, um elo de confiança será criado e, com o tempo, ela sentirá confiança em falar sobre seus sentimentos.

Em segundo lugar, envolva a criança em atividades interessantes como esportes, pintura, leitura, etc. Saídas ao ar livre para tomar sol e respirar ar puro também são fundamentais para o tratamento da depressão. Se caso ela não quiser sair, não obrigue! Faça acordos ou dê opções para ela escolher o que fazer.

Por fim, pegue leve com atividades extracurriculares. A criança precisa ser criança: brincar, se divertir e até ter tempo para não “fazer nada”! Saiba que um olhar atento e amoroso da família pode prevenir – ou perceber – a doença em estágio inicial, o que certamente ajudará muito.


GLEICIANE DAMASIO é psicóloga e coordenadora de acolhimento infantil

Matéria original: https://querovidaesaude.com/depressao-infantil-existe-mas-tem-tratamento/

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