A depressão é o mal da sociedade moderna. Saiba mais sobre como ajudar alguém que sofre com o problema.

Por Alan Kalbermatter, Portal Quero Vida e Saúde


Tanto a depressão quanto o suicídio são situações de grande preocupação. Se um membro da família ou amigo vive um processo depressivo, surgem diversos medos. O maior de todos é de que isso acabe da pior maneira, pois a vontade de morrer é um dos sintomas.

Antes de tudo, é importante frisar que a depressão não se trata apenas de casos isolados, a doença é um mal global. Mais de 300 milhões de pessoas, de todas as idades, sofrem com esse problema. Sendo assim, a situação é de extrema importância e o assunto precisa ser abordado abertamente.

Depressão não é apenas estar triste

Estar com depressão é como perder o rumo, perder a bússola que dá direção à vida. Nada mais faz sentido. A vida perde a graça. Para dimensionar o problema, pesquisas preveem que até o ano de 2030 a depressão será a principal causa de incapacidade para o trabalho. Da mesma forma como em outras doenças, a detecção precoce da depressão é essencial para ser capaz de tratá-la o mais cedo possível, o que favorece a cura. Para isso, além de contar com profissionais de saúde, os familiares e pessoas do ambiente mais próximo podem ser a chave para perceber quando o outro não está bem. Esses grupos são fundamentais para o diagnóstico precoce e incentivo aos primeiros passos no tratamento. Um desses passos é o acompanhamento, ou seja, estar presente na vida desta pessoa e se importar sinceramente com ela.

Como acompanhar uma pessoa com depressão?

Primeiramente, seja uma boa companhia: saia com a pessoa para passear, tomar sol, cozinhar, etc. Em outras palavras, faça coisas que normalmente dariam prazer para ela. O simples fato de tirá-la da cama já é um grande passo. Às vezes, isso pode parecer muito simples, mas não subestime! Para uma pessoa com depressão, qualquer atividade é extremamente difícil. A pessoa depressiva não encontra coragem e nem energia para se levantar. Por isso, precisa de alguém que cuide dela, esteja ao seu lado e que, sem julgamentos, a ajude a iniciar o processo de busca pela cura.

Um aspecto que adiciona complexidade ao assunto é o fato do depressivo, muitas vezes, sentir culpa por “ser um fardo” para a família e os amigos. É importante que aqueles que estão acompanhando o tratamento de uma pessoa com depressão deixem claro que estão ali porque a amam e querem vê-la bem.

No processo de acompanhamento de alguém depressivo, leve em consideração algo extremamente importante: por vezes, o “querer estar presente” como apoio e ajuda pode resultar em negligência com o restante dos membros da família e amigos. Logo, esteja atento à situação, mas evite negligenciar os outros e até a si mesmo. Investir tempo em ajudar alguém com depressão não deve levar ao esquecimento de si mesmo. Ambos devem ser cuidados! Sempre tenha o seu tempo para se divertir, descansar e comer bem. Não perca de vista os outros objetivos de sua vida, do contrário, todos ficarão doentes.

Quanto tempo dura o tratamento?

Ao falarmos em processos de tratamento abrangentes, devemos estar conscientes de que eles podem ser longos. Não é possível dizer exatamente quanto tempo leva o tratamento para vencer a depressão. Algumas pessoas que sofrem de uma depressão branda se recuperam rapidamente. Já outras, com sintomas mais graves, requerem mais intervenção e mais tempo de tratamento. O mais importante é não deixar passar despercebidos os sintomas de alerta, para depois não sofrer com a perda de alguém querido.

Outro ponto também necessário no tratamento é o apoio farmacológico sob orientação de um médico psiquiatra. Além disso, é indispensável o acompanhamento psicoterapêutico por um psicólogo. Ambos os profissionais visam condicionar o sistema nervoso para que funcione na sua forma ideal.

É importante saber que nem sempre força de vontade é suficiente para sair do quadro depressivo. A reposição de componentes químicos do cérebro, na forma de medicamentos, são fundamentais no processo. Tudo isso para que a pessoa possa voltar a tomar suas próprias decisões e se tornar independente novamente.

Sintomas que merecem atenção

A vontade de morrer é um dos sintomas que permeiam a depressão. Porém, existem outros sinais que devem ser observados, tais como:

  • Isolamento;
  • Ideias negativas persistentes;
  • Dificuldade para dormir;
  • Desesperança;
  • Sensibilidade inconsolável;
  • Choro constante;
  • Mudanças repentinas de comportamento (como impulsividade).

Observe as expressões que uma pessoa manifesta. Por exemplo, frases como “eu preferia morrer”; “não aguento mais”; “acho que minha família ficaria melhor se eu não estivesse aqui”; “eu sou um peso para os outros”; “as coisas não vão dar certo”; “não vejo saída”. Diante desses relatos, não caia no erro de dizer: “acalme-se, isso não vai acontecer”; “deixa de besteira”; “você não tem motivo, está tudo bem!”; etc. Frases assim, por mais que sejam ditas com todo o amor do mundo, não mostram ao outro compreensão e empatia.

O silêncio e um abraço compreensivo podem ser as melhores ferramentas que você tem para ajudar o outro a superar esse momento de crise. Com essa atitude, em clima de confiança, avance no processo de acompanhamento para as novas etapas do tratamento.

Seja presente, mas cuide de você!

Jamais esqueça que, durante todo o tratamento, a pessoa com depressão vai precisar sentir que não está sozinha, que tem alguém a quem recorrer, mesmo que seja apenas para desabafar um pouco. Porém, quem se coloca à disposição para ajudar deve ter em mente a importância do cuidado consigo mesmo, para que as próprias forças não vacilem, pois o processo pode ser longo, e isso requer força, perseverança e esperança.


ALAN KALBERMATTER é médico especialista em psiquiatria do Serviço de Bem-estar Mental do Sanatório Adventista del Plata e docente da Faculdade de Medicina da Universidade Adventista del Plata

Matéria original: https://querovidaesaude.com/como-ajudar-alguem-com-depressao/

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