O transtorno de ansiedade tem crescido durante a pandemia de coronavírus. Veja o que fazer para não ficar obcecado com a doença e prejudicar sua saúde mental.
Por Evangelina Melgar, Quero Vida e Saúde
Os problemas de saúde mental – depressão, estresse e ansiedade – aumentaram de forma preocupante neste momento de pandemia. Segundo uma pesquisa realizada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), os casos de depressão no Brasil quase dobraram e os de estresse e ansiedade aumentaram em 80%.
Neste artigo, vamos nos concentrar em como lidar com a ansiedade, um dos problemas de saúde mental que tem crescido durante a pandemia. Mas antes de entendermos o problema, é importante diferenciar duas questões:
Preocupação X Ansiedade
É preciso diferenciar uma inquietação momentânea, por alguma situação em particular, de uma preocupação intensa e persistente, que ultrapassa os limites da normalidade. E quais são esses limites? Trazendo para o momento atual, podemos destacar:
- Consumo exagerado de informações sobre a Covid-19;
- Antecipação de alguma condição problemática (perda de emprego, pagamento de dívidas, etc);
- Angústia e medo excessivo do contágio pessoal ou de algum membro da família.
Embora o medo exista, é possível assumir a situação de forma saudável, aprendendo como lidar com ele e não permitindo que esse sentimento roube o prazer da vida. Mas quando as preocupações tiram a vontade de sorrir; fazem perder a motivação por coisas novas; trazem um cansaço excessivo sem justificativa; claramente estamos frente a um quadro de transtorno de ansiedade.
A ansiedade na pandemia
O transtorno de ansiedade é a preocupação excessiva, intensa, persistente. Trazendo para o momento atual, é quando o medo exacerbado de contrair a Covid-19 ou das suas consequências leva o indivíduo a ficar obcecado sobre o tema.
Uma característica das pessoas que estão obcecadas com a doença é que, além de ocupar sua mente excessivamente em pensar no assunto, também gastam muito tempo buscando informações sobre a doença.
Obviamente, o problema não está em querer cuidar da saúde, buscando se informar, tomando todos os cuidados para a prevenção do coronavírus e seguindo as recomendações de isolamento social, por exemplo. Mas quando a preocupação quanto ao coronavírus e seus impactos é obsessiva, a saúde da mente fica comprometida.
Além da persistente preocupação, essas pessoas começam a apresentar dificuldade para dormir, nível de estresse elevado, humor desregulado, compulsão alimentar, entre outros sintomas.
O que fazer então?
É importante detectar quando a preocupação por esta doença está afetando a qualidade de vida. No caso, a qualidade do “novo normal” instituído pela quarentena e isolamento social.
Sendo assim, é preciso se reorganizar para que, mesmo imerso em uma nova forma de vida cotidiana, a preocupação com o futuro e as consequências sociais e financeiras não paralisem a vida. Ou seja, que o medo do contágio não impeça a pessoa de sair para fazer compras sem temer tudo a sua volta, por exemplo. Prevenção sim, pavor não.
Então, se tiver que sair, siga as recomendações de segurança e lave as mãos corretamente. Não permita que viver se torne uma patologia! Agora, se está impossível controlar os pensamentos ruins que frequentemente giram em torno da pandemia e suas terríveis consequências, procure ajuda profissional, um ouvido amigo.
Além disso, converse com pessoas de sua confiança, conte o que está sentindo. Busque também conforto por meio da oração. Não está fácil para ninguém passar pela pandemia. Mas não permita que o medo e a ansiedade paralisem você. Faça sua parte, se cuide, converse com pessoas que possam ajudá-lo a passar por esse momento e confie em Deus!
EVANGELINA MELGAR é psiquiatra no serviço de Bem-estar Mental do Sanatorio Adventista del Plata
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