Uma pesquisa de metanálise mostrou que o consumo de álcool por parte do pai também afeta o bebê

Por Peter Landless e Zeno Charles-Marcel, Revista Adventista


O álcool é um agente teratogênico conhecido, o que significa que pode causar anormalidades em bebês no útero. Há muito tempo se sabe que o consumo materno de álcool está significativamente associado ao Transtorno do Espectro Alcoólico Fetal (TEAF). Bebês com TEAF têm anormalidades congênitas, crescimento retardado e distúrbios mentais, comportamentais e de aprendizagem. Podem também nascer com traços faciais característicos.

Aproximadamente 25% das crianças com TEAF têm Defeitos Cardíacos Congênitos (DCC), e os distúrbios mentais e comportamentais se tornam mais aparentes à medida que a criança cresce e se desenvolve.

É sabido que esses DCCs estão relacionados exclusivamente com o consumo de álcool pela mãe. Entretanto, em 2019 foi realizado um estudo extenso para verificar se o padrão de consumo de álcool do pai também pode estar relacionado ao aumento do risco de DCC.

Essa pesquisa foi uma meta­nálise, ou seja, considerou dados combinados de grandes estudos da China, Europa e Estados Unidos. O número de pessoas analisadas foi de 41.747 alcoólatras e 297.587 consumidores controlados. O estudo, realizado por Senmao Zhang, Lesan Wang, Tubao Wang e outros pesquisadores, foi publicado em outubro no European Journal of Preventive Cardiology.

Uma descoberta fundamental desse levantamento foi que o consumo de álcool pelo pai aumenta significativamente a probabilidade de o recém-nascido apresentar doenças cardíacas congênitas. Acredita-se que o álcool danifique o DNA e o RNA no esperma do homem. Esse efeito se torna mais grave de acordo com o nível de consumo de álcool. Esse é um dado interessante e importante. Portanto, para evitar que isso ocorra, o homem não pode ter consumido álcool nos três meses que antecederam a concepção.

Vale ressaltar que o consumo de álcool traz outros riscos. Sua ação no organismo é teratogênica (aumenta os defeitos congênitos) e carcinogênica (causa câncer). Ele é causa da morte de 3 milhões de pessoas a cada ano e responsável por 5% das incidências globais de doenças. De fato, esse hábito validado por muitas culturas acaba gerando muitos órfãos e viúvas anualmente.

Vale pontuar também que não há nível seguro de ingestão de álcool. Além disso, a bebida é viciante e está associada a acidentes, afogamentos, crimes e violência doméstica. Quase nenhum sistema orgânico escapa aos perigos do consumo de álcool, inclusive o centro da razão e da escolha: o cérebro.

Em última análise, a razão convincente para evitar esse tipo de droga legalizada é manter nossa mente clara e sensível à voz do Espírito de Deus. Nesse caso, como em tudo que envolve a saúde, a prevenção é a cura.


PETER LANDLESS é cardiologista e diretor do Ministério da Saúde da sede mundial adventista em Silver Spring, Maryland (EUA); ZENO L. CHARLES-MARCEL é clínico geral e diretor associado desse mesmo ministério

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