Posso me apaixonar por qualquer pessoa?

Por Talita Castelão, Portal Revista Adventista


Parece mágica, mas não é. Apaixonar-se por alguém é inesperado, na maioria das vezes. Entretanto, a ciência tem auxiliado nesse processo, oferecendo ferramentas que podem facilitar o desenvolvimento de intimidade e aproximar desconhecidos.

Criar intimidade com um desconhecido pode ajudar no processo de apaixonar-se. Isso foi o que demonstrou um estudo conduzido pelo psicólogo Arthur Aron, do departamento de Psicologia da Universidade de Stony Brook (EUA). O pesquisador desenvolveu um questionário com 36 perguntas que tinham, inicialmente, o objetivo de ajudar psicólogos a aumentar a relação de proximidade com seus pacientes.

O questionário foi aplicado com homens e mulheres que não se conheciam, em pares. Eles deveriam ler em voz alta alternadamente cada pergunta, ­respondendo-a em seguida. A entrevista foi dividida em três grupos de perguntas, podendo cada uma dessas seções ser respondida em até 15 minutos. No total, o teste não podia passar de 45 minutos.

Ficava a critério dos entrevistados responder as questões olhando ou não nos olhos do outro. Apesar de esse não ser o objetivo, alguns casais que se submeteram a esse teste acabaram se casando pouco tempo mais tarde. O estudo, que foi desenvolvido em 1997, voltou a ter destaque nos últimos anos, depois de ser comentado no jornal norte-americano The New York Times em 2015 e servir de base para o livro 36 ­Perguntas Que Mudaram o Que Sinto Por Você (Galera, 2019), de Vicki Grant.

O primeiro grupo das 36 perguntas é mais genérico e parte de ­questões “quebra-gelo”, tais como: “Se você pudesse convidar qualquer pessoa do mundo para um jantar, quem você convidaria?”; “Gostaria de ser famoso? Por ter feito o quê?”; “Para você, como seria um dia perfeito?”; “Na sua vida, pelo que você é mais grato por ter?”.

No segundo grupo, as perguntas passam a sondar expectativas e a tocar em memórias mais pessoais, como: “Qual foi a maior conquista que conseguiu na vida?”; “Qual é sua lembrança mais dolorosa?”; “Se soubesse que você vai morrer repentinamente daqui a um ano, mudaria algo em sua maneira de viver?”.

Na última seção de perguntas, as questões visam criar uma conexão entre as pessoas. “Diga a seu companheiro o que mais gostou nele ou nela. Seja muito honesto e diga coisas que não diria a alguém que acaba de conhecer”; “Conte a seu ­interlocutor algo que já gosta nele”; “Se fosse morrer esta noite sem possibilidade de falar com ninguém, o que lamentaria não ter dito a uma pessoa? Por que não disse até agora?”.

Esse questionário promove a intimidade por algumas razões. A primeira delas é o fato de as pessoas precisarem estar totalmente concentradas no que o outro diz, o que é raro em nossos dias. Paradoxalmente, todos têm muita pressa, mas também têm necessidade de ser ouvidos. Um segundo ponto é a maneira pela qual as perguntas são colocadas, partindo de temas mais genéricos para mais específicos e profundos. Desse modo, é possível ir se envolvendo no diálogo sem sentir medo. Conta também o conteúdo mais relacional e intimista das questões, o que favorece que, no fim do processo, os entrevistados compartilhem sentimentos que normalmente não manifestariam.

Se você quiser fazer o teste, por sua conta e risco, é possível acessar o questionário traduzido aqui. Boa sorte em seu experimento!


TALITA CASTELÃO é psicóloga clínica, sexóloga e doutora em Ciências

Matéria original: https://www.revistaadventista.com.br/talita-borges/destaques/a-ciencia-do-amor/

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